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terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Como os nossos pais

Um domingo em família, visita da minha avó de 88 anos de idade, mãe do meu pai, ela teve ao todo 12 filhos, vale lembrar que naquela época não havia pílula contraceptiva, nem televisão, que chegou ao Brasil em 1950, ano que meu pai nasceu.
Vejo minha avó caminhando devagar, sempre com alguém com perto, demora um pouco para subir as escadas, coisa que eu faço o dia inteiro normalmente, vejo que ela diminuiu alguns centímetros de altura, usa óculos para auxiliar a visão, remédios para controlar a pressão.
Eu me sinto tão frágil e medrosa, mesmo que eu ainda esteja longe das condições de saúde dela, fico imaginando se conseguirei ter um filho um dia, ainda não me sinto preparada de nenhuma forma: física, psicológica e financeira.
Olho para ela como uma árvore que deu sementes, cada semente continuou o processo de se transformar em árvore e lançar suas sementes e assim por diante...
Dessas sementes, os filhos dela, dois morreram e os outros tiveram um número menor de filhos, reflexo da melhora ao acesso de métodos contraceptivos, meu pai, por exemplo, teve duas filhas.
Quando nós somos crianças, geralmente não pensamos em futuro distante, se ficaremos como nossos pais e avós, a gente só quer saber o que vai ganhar de aniversário e no natal. Conforme vamos crescendo, outras preocupações e pensamentos passam a nos visitar e percebemos que já fomos carecas, sem dentes, bebês, crianças e que tudo isso ainda vive dentro de nós. Um dia você que era filho passa também a ser pai, um tempo depois pode ser avô... eis o ciclo da vida!
Penso na vida da minha avó, que não teve possibilidade de controlar o número de filhos, entre outras coisas que ela não pode escolher, ou, simplesmente não teve acesso, penso na minha vida tão cheia de escolhas... E, que apesar das mudanças, muitas coisas permanecem iguais na essência, os filhos, por exemplo, podem ser muitos ou poucos, hoje podem ser feitos em laboratório, mas ainda precisam de um útero para crescerem, assim como foi com nossos antepassados.
E mesmo que muitas coisas tenham surgido da época dela até hoje, muitas coisas continuarão a surgir, então penso numa frase de uma música da Elis Regina: ...ainda somos os mesmos e vivemos como os nossos pais...

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