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segunda-feira, 13 de julho de 2009

Resenha do livro: A mulher do próximo – Uma crônica da permissividade americana antes da era da AIDS - Gay Talese, Companhia da Letras, 1980, 483 pág.

O livro retrata a mudança de comportamento da sociedade nos EUA, nas décadas de 60 e 70, em relação ao sexo, moral e censura. Publicado em 1980, nos EUA pelo jornalista norte americano Gay Talese, escritor de destaque do movimento conhecido como “Novo Jornalismo”, que acrescenta técnicas literárias dando mais detalhes e profundidade ao jornalismo. Talese trabalhou 12 anos no jornal “The New York Times”. Detalhista, ele ainda utiliza máquina de escrever e fichas de anotações. Declarou que não confia na internet e é avesso ao gravador. Foi um dos destaques da FLIP- Feira Literária de Paraty, realizada de 1 a 5 de julho de 2009.

A época retratada pelo livro foi o período do pós guerra, quando os homens voltaram para seus empregos anteriores, depois de terem sido substituídos pelas mulheres, que saíram do lar para o mercado de trabalho. Pela primeira vez na história, elas se equipararam aos homens em valores salariais. Outros fatores que contribuíram para o aumento da liberdade sexual foram as descobertas da penicilina e da pílula anticoncepcional.

O livro mistura diversos personagens reais, entre anônimos e famosos, mas o autor não esconde que seus preferidos são os desconhecidos. Ele conta histórias de pessoas comuns convivendo com a sexualidade aberta, o ambiente, os freqüentares, curiosos e/ ou adeptos de nudismo e troca de casais como os casais Bullaro e os Williamson, em locais como Sandstone e Oneida. A biografia da revista Playboy de Hugh Hefner. A luta de grupos religiosos puritanos e editores liberais nos julgamentos e leis sobre pornografia de livros, filmes e revistas. O livro termina com o autor

Em três anos de pesquisa, Talese não havia escrito uma linha sequer. O livro demorou nove anos para ser concluído. O autor foi aos julgamentos, procurou autores liberais, censores retrógrados e representantes puritanos. Fez muitas viagens, entrevistas que foram gravadas e transcritas, algumas repetidas mais de cinqüenta vezes.

Talese teve tempo para obter a confiança e autorização dos personagens para usar suas estórias, seus verdadeiros nomes, e até mesmo ter acesso aos diários, como o de John Bullaro, e os que ele solicitou que as atendentes das casas de massagem escrevessem para que ele delimitasse os tipos de clientes, já que o próprio Talese trabalhou voluntariamente como gerente nesses locais. Algo que ele revela no final do livro, se apresentando como um dos personagens, que tanto se aproximou dos seus objetos de pesquisa. Ele detalha as dificuldades, as muitas críticas recebidas e até a crise em seu casamento com a agente literária Nan Talese.

É uma obra imprescindível não apenas sobre a liberdade sexual, mas também sobre as pessoas e os fatos que propiciaram a redefinição de moral na sociedade americana.

O livro também é uma aula de jornalismo sobre pesquisa, apuração e participação ativa de Gay Talese, que aos 77 anos, pretende escrever o próximo livro sobre os 50 anos de seu casamento a partir das cartas indignadas escritas por sua esposa.

Um comentário:

Maria Cintia Thome Teixeira Pinto disse...

Olá...Você viu no Over, conheci sim Henfil nos tempos que eu era Asssessora da Secretario de Agricultura de Sao Paulo por 7 anos , no inicio dos anos 80 por aí, frequentavamos o mesmo bar/trestaurante na Angélica, e tinhamos amigos em comum. Um homem extraordinário, além de sua época, desenhava e chargista inigualável.
Além de ter uma legião de amigos verdadeiros , um bom papo. Tenho saudade daquele tempo, um tempo de verdades.abs...

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