Há 12 anos
sábado, 11 de janeiro de 2014
Trilha a pé e trilha sonora
Um dia descendo uma trilha o chinelo deu duas derrapadas, antes que
viesse a terceira ou uma queda, decidi prosseguir descalça, sentia os
dedos dos meus pés agarrando a terra, sentia pedras, sentia galhos. Cada
passo pensado e sentido, sem a costumeira sola que me afasta dos meus
ancestrais. Enquanto os pés trilhavam o caminho, a transpiração trilhava
o meu corpo. Não tinha ventilador, nem ar condicionado, eu tinha o
vento e as árvores que me faziam sombra e me serviam de apoio.
Usava os pés, as mãos e todo o corpo para me manter de pé. Os degraus
eram terra acumulada entre galhos e não as peças de pedra polida que
pisava automaticamente na cidade. Os galhos e árvores eram os corrimãos.
Não tinha aquela escada rolante, nem elevador. A única ferramenta que
eu tinha eram os meus pés. Andava com os pés livres, sem um bico fino
apertando os dedos, sem sentir inclinação de saltos. Não tinha relógio,
não tinha hora para chegar, ponto para bater. Era uma caminhada na
natureza, que me fazia andar dentro de mim e me fazer me pensar por onde
eu estava andando todos os dias, o que eu estava buscando. E o meu
pensamento musical sintonizava várias músicas que remetiam aos pés:
"pies decalzos suenos blancos; step by step; every step you take; andar
com fé eu vou; toda trilha andada com fé de quem crê no ditado...".
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