No ônibus cedi o meu lugar para uma moça jovem com duas crianças
pequenas, uma menina e um menino, este parecia um ano mais velho que a
irmãzinha. A moça jovem ainda revelou que tem um terceiro filho com 15
anos. Ela parece ter 20 anos mas tem 31. Ela foi dizendo que acorda às
04:30 para fazer comida, se ajeitar, arrumar as duas crianças pegar
ônibus, deixá- las, ir trabalhar. Algumas horas mais tarde sair do
trabalho, pegar as crianças, pegar o ônibus para casa e quando chegar vai fazer a janta, alimentar as crianças, dar um jeito na casa, etc...
Enquanto a jovem mãe ajeitava os dois filhos no colo, apareceu uma
senhora, que observando a cena, disse que ela também teve essa vida de
andar de ônibus com dois filhos, e hoje eles já casados e com seus
próprios filhos nem sequer a visitam. A senhora contou que foi casada
muitos anos, sofreu violência doméstica por décadas para não perder o
imóvel. O homem que tanto a maltratou morreu atropelado e tinha sido
enterrado como indigente até a filha identificá-lo depois de meses
desaparecido.
Duas vidas de mulheres mães na periferia, que me foram
narradas no ônibus nosso de cada dia. Aqueles momentos que o aperto e
desconforto momentâneos ficam pequenos diante de todo o contexto...
Há 12 anos
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